We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Entremar​é​s

by verónica daniela cerrotta

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
Entremarés 18:27

about

O tempo se suspende. Flutuo. Escuto à distância. Sinais, rochas, o fundo do mar. Pedalo sem rumo, só para contemplar.

Gravações de campo, sons submarinos e superfícies vibrantes se misturam com elementos musicais para compor Entremarés, uma peça sonora para escutar no mar, mais especificamente nos pedalinhos da Praia José Bonifácio, em Paquetá.

*

Time is suspended. I float. I listen from a distance. Signs, rocks, the seabed. I pedal aimlessly, just to contemplate.

Field recordings, underwater sounds and vibrant surfaces are mixed with musical elements to compose Entremarés, a sound piece to be heard at sea, more specifically in the pedal boats of José Bonifácio Beach, in Paquetá.

*

"Essa parte de aqui, que nós estamos situados geograficamente, é uma administração, pertencendo à subprefeitura do Centro do Rio de Janeiro. Aqui passava todo o ouro do Brasil, ia lá para cima, para serra, para família real, entendeu, no tempo do império".

"E aqui, que tem a casa de José Bonifácio, ele tirou uma cadeia domiciliar aí, na verdade, aí o apelido dessa praia, o nome dessa praia é José Bonifácio e o apelido dela é Praia da Guarda, é Guarda porque era uma guarda que tomava conta dele".

"Essas pedras aí não têm assim um nome específico sabe, próprio, porque essas aí são chamadas as Pedras da Praia da Guarda. É uma coisa bem inteligente, porque tem pedras que se encaixam, tem um quebra cabeça também, dá para montar né, como você passa na barca você vê a pedra rachada, se você tiver força não dá pra rachar ela? Então, aí o negócio é mover o eixo né".

"E têm umas outras aí, que têm nomes mesmo próprios né. Tem uma lá embaixo, tá vendo? Lá embaixo, ô, assim para cada ilha no mar, lá embaixo, Pedra do Gonçalo, aqui, onde tem um sinal, ô, lá, depois das pedras, lá embaixo, bem distante né, Pedra do Gonçalo. Aí tem vários nomes, Pedra do Renan, tem Trinta Réis, tem Cocô, tem... aí diz que, aí é uma lenda também: o criador foi perguntar para São Pedro, para ele colocar nomes nos lugares né, aí ele foi colocando o nome... eh...Trinta Réis e tal, aí já estava cansado, já lá no final, lá, tem um lugar que se chama Bom Nome, aí já São Pedro estava cansado, e tal, não sei que, “pô, fala mais esse” não sei o que, fala não fala, porra aí, aí São Pedro foi, virou e falou, “pô, cú da mãe”, não sei o que, ai o nome do lugar é Bom Nome, tendeu, de lendas, assim, pra animar um pouco né".

"E essa outra é a Pedra dos Namorados. Tem uma história dela também, que a pessoa vira de costas, faz um pedido, e tem direito a jogar três pedras, uma delas tem que ficar pra o pedido se realizar. Aí as pessoas fazem essa coisa pra poder ver se consegue se casar né, porque a pessoa consegue namorado e vai até o casamento né, consegue se casar".

"E essa ponte que tem do lado aí, é a Ponte da Saudade". "A Ponte da Saudade, não tinha esse nome não. Era apenas um cais, onde os escravos desembarcavam depois de ficar de quarentena na Ilha de Brocoió. Ali desembarcou João, negro forte que foi capturado e separado da sua família. João trouxe no peito uma enorme saudade da sua companheira e do seu menino, e foi assim que ficou conhecido como João Saudade. Sua vida era trabalhar durante os dias, e às noites ele ia ao cais, chorar, e rezar para os seus guias, pedindo que reencontrasse seus amores. Isso aconteceu por anos, até que uma noite de céu estrelado, foi visto um clarão na direção do cais, onde João rezava, e ele nunca mais foi visto. Foi assim que o cais ganhou o nome de Ponte da Saudade, e se tornou uma das lendas mais bonitas da Ilha de Paquetá".

Quem é o mar?
Esse silêncio, branco, ilimitado
leito de rochas.
Voltam as ondas.

O que é em definitivo o mar?
tensa e elemental melancolia
lambe os territórios
Nos obriga a ser costa.

mar não tem desenho

Seu movimento é sua forma,
a praia infinita, deserta.
Voltam as ondas,
rompem os leves caracóis.

Quem é o mar, quem sou eu?
mitologias e cosmogonias,
o mar, o sempre mar
seduz
Por ser tão estrangeiro e tão nós mesmos

O que significa
esse enigma que fica
Mais para cá e mais para lá do horizonte?

Quem o olha o vê pela vez primeira
sempre,
é um e muitos mares

Abismo e resplendor e acaso e vento.

"Eu gerei o mapa da ilha, para a data oficial que é considerado o aniversário da ilha, que é no dia dezoito de dezembro de 1556. Porém, um ano antes, a gente já tem registro, desse né, entre aspas, descobrimento, pelos franceses né, pelo André Thevet, principalmente, que registrou este encontro com a ilha, e um ano depois, o rei, Frances, legitimou esta “descoberta”.

"Paquetá sempre teve essa característica turística. (Já o dia dezoito de dezembro, em que ficou marcado e registrado na história, a partir de então, passou se a comemorar esse aniversário de Paquetá).
Um lugar que reúne muita cultura. Parece que, na verdade, toda o complexo aqui né, na esquina (foi o primeiro cinema de Paquetá) da Rua José Bonifácio, que é em frente aos pedalinhos, com a Furquim Werneck, que é a principal, que chega das barcas direto aqui, (cine e teatro, esporte Paquetá. Ou cine, esporte e teatro Paquetá, uma coisa assim) todo esse complexo amarelinho da esquina parece que foi um cinema. E ele funcionou, parece de 1920 a 1930. (E o dono desses prédios era Ângelo de Franco, que era um artista. Parece que tem alguma coisa sobre ele na Casa das Artes). E porque o esporte né, porque parece que tinha uma pista de patinação aqui também. Era um cinema e uma pista de patinação".

"É um lugar afrodisíaco, se a gente puder dizer isso. (Um lugar que tem um temperamento suave). Um local, assim, de quebra da rotina, onde passam pessoas aventureiras. (Paixões relâmpagos). É um lugar que se compromete com o afeto, um lugar afetuoso. (E que) a intuição, as revelações, a conexão cósmica ela é facilitada".




Participações especiais:

Fábio Roberto Lacerda (morador da Ilha de Paquetá, pescador, trabalha nos pedalinhos da Praia José Bonifácio. Entrevistado no dia 22/10/2021, depois que dei um passeio de pedalinho),

Gabriela Pinhel (moradora da Ilha, contou a Lenda da Ponte da Saudade via whatsapp),

João Gaborges ( leu a poesia remix, El mar, que também ajudou a traduzir. Colaborou na escuta do trabalho enquanto estava em processo),

Michelly Barros (moradora da Ilha, astróloga, fez o mapa astral de Paquetá e o disponibilizou vía whatsapp. Podem seguir ela em @tropenosastros).

Sample de Sodade, de Cesária Evora

Poema remix, com citações de: El mar, de Jorge Luis Borges; Frente al mar, de Octavio Paz; Calma, de Eliseo Diego; Guimarães Rosa; El mar, Mario Benedetti, traduzidos ao português por Verónica D. Cerrotta e João Gaborges.


Gravações de campo: Verónica D. Cerrotta e Paulo Dantas

Composta por Verónica D. Cerrotta, especialmente para o Novas Frequências 2021.

credits

released November 29, 2021

license

all rights reserved

tags

about

verónica daniela cerrotta

grabaciones de campo//
poesía sonora//
música experimental//
bs.as./río de janeiro

ph.Samuel Mendes

contact / help

Contact verónica daniela cerrotta

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like verónica daniela cerrotta, you may also like: